Terra Indígena Yanomami, RR, 1971
O entrelaçamento entre o visível e o invisível dá os contornos às imagens da terra-floresta, onde a mata, os bichos, os Yanomami e os xapiri pë (espíritos-auxiliares dos xamãs) convergem nos ciclos infinitos de aterramentos e encantamentos.
O trabalho de Joseca Mokahesi Yanomami é enraizado na cultura de seu povo, refletindo a natureza, os seres e elementos místicos que habitam a terra-floresta yanomami. Seu desenho, sensível e cheio de nuances, sintetiza o cotidiano da comunidade, a fauna e a flora, as sessões xamânicas, e as histórias transmitidas pelos anciãos, que o artista grava na memória para depois retratar. Há, também, uma dimensão onírica em sua obra, de modo que os sonhos servem como um espaço de estudo e reflexão, abrindo fluxos de imagens que depois vão para o papel. Sua prática é marcada por traços estilizados, grandes campos de cor e marcações de detalhes com pontilhismo e repetições de padrões. Por meio dessa síntese pictórica, emergem cenários, figuras e atividades que testemunham a pluralidade da floresta, o brilho inefável dos cursos de água e a convivência entre diferentes seres, tanto os visíveis e materiais quanto aqueles que habitam planos tangíveis apenas para os xamãs. Desse modo, expressam a rica cosmologia yanomami e seu entendimento sobre a criação e manutenção do mundo. Intituladas de forma amplamente descritiva, suas obras não apenas preservam uma memória essencial, mas também se posicionam como instrumentos de luta contra as opressões estruturais e as atividades extrativistas que ameaçam a floresta e a própria existência do povo Yanomami. Ao transliterar para o desenho essas narrativas, o artista afirma a resistência de seu povo, celebrando o modo de vida indígena diante das crescentes ameaças externas.
Joseca Mokahesi Yanomami apresenta dez obras inéditas no 38º Panorama, dispostas num círculo, como se flutuassem no espaço. Em composições aquecidas, o artista reafirma seu estilo singular, mas também expande a profundidade do seu trabalho com soluções visuais mais cheias e carregadas. Esses desenhos retratam animais e plantas em suas capacidades espirituais e funções materiais, as atividades xamânicas e os portais entre os planos. Com seu característico balanço entre a complexidade dos temas e a leveza da abordagem, o artista discorre, com uma rara habilidade, sobre as intrincadas implicações ecológicas que formam o planeta. Uma dessas obras, realizada especialmente para o Panorama — em diálogo com suas provocações conceituais —, conta o mito da origem do fogo, revelando como uma descoberta e uma grande articulação coletiva, envolvendo chiste e piruetas entre diversos seres, tornou possível capturar esse elemento transformador para as condições vitais.
(1-3) Vistas da exposição
(4) Yutuuha pata thëpënë yaropë rië wama, wamama kihi, waiha yanɨkɨnë ai hiya kupënë kaxa ehepë rɨpɨ hiraaha taaheha weyaa purunë, hiya, pata, moko, thua pata, thëpë pihi kuaheha weyarɨnë. Wãarõhõ mahi thëpë kõkãmuu xoaoma, nikere mahi thëpë wakëmamuu xoakema. Nikere thëpë nëhë ikaha thapramoraẽma, Iyoa a yai ikamaɨ pihio yarohe. Ɨhɨ thëhë thëpë ha ruraprarɨnë thëpë praɨaɨ xoaoma, makii, Iyoa a yai ikãmanimi kama thuë hrãemeri enë, Iyoa anë ikãmapimiha, praɨa timapë pihi yai hõriproma makii, hiõmõra moxinë a yai ikãmãrẽma, a praɨaɨ thëhë xi keyuu yaro. Ɨhɨ thëhë a kohipë ikãrãema yaro, wakë a hoprarema, wakë hopraɨ thëhë, komi thëpënë wakë toama makihi, wakë yai tikiremahe huxonë, ɨhɨ thëhë, huutihi mathaha wakë araa tirekemahe, kuë yaro thuëpë hrãemeri enë wakë hikẽama makii, wakë hikepranimi. Ɨhɨ thëhë, wakë a kua xoaprarioma, ɨnaha pata thëpënë wakë a thaa thapraremahe. [Antigamente nossos antepassados comiam carne crua. Apesar de comerem crua, depois, com o tempo, dois jovens viram cabeças de lagartas caxa cozidas quando a maloca estava vazia. Então jovem, velho, moça, mulher idosa, as pessoas ficaram pensando [sobre aquilo] até tarde. E assim, muitas pessoas se reuniram, juntas se pintaram com tinta de urucum de forma que ficassem engraçadas, já que queriam fazer o Jacaré rir [para conseguirem roubar o fogo que o Jacaré escondia dentro de sua boca]. E assim, ao terminarem, as pessoas continuaram a dançar, mas o Jacaré não riu de forma alguma. Sua esposa, a rã Hrãemeri (Otophryne robusta) não deixou que o Jacaré desse risadas, as pessoas que dançavam estavam passando dificuldades ali, porém o pássaro Hiõmõra Moxi fez o Jacaré rir ao defecar durante sua dança de apresentação. Dessa forma, como o Jacaré riu com entusiasmo, deixou o fogo escapar [de sua boca] e todas as pessoas se apossaram do fogo. Então [o pássaro] pegou o fogo com seu bico e assim colocou o fogo no alto do tronco da árvore. A esposa do Jacaré, a rã Hrãemeri, tentou apagar o fogo com sua urina, mas o fogo não apagou. Dessa forma o fogo existe até os dias de hoje, foi assim que nossos antepassados fizeram com o fogo.], 2024, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 50 x 65 cm. Coleção do artista
(5) Xapiri thëpënë parara pë koaɨhe tëhë. Pararayoma pë thëëpë ithomaɨhe, hwei parara hika kii, xapiri pë iaɨwii hwei Pararahi, Pararahi mao tehe xapiripë ohirayu. Xapiri pë xironë hwei Parara u koaɨhe, tixori pënë u hore koaɨhe. Xapiripënë hwei Parara a waiha wahenë, xawara a wai xëɨhe, a wai xepraɨhe xapiripënë.Hwei Parara a waiha, xapiri pëkãe wai huu. Në wãri napë kãe huuhe, ɨnaha hwei Parara a waiha xapiri pë kiaɨha pë kuaɨ. Kuë yaro hwei Pararayomapë thëëpë kua. [Quando os xamãs inalam parara, descem as filhas de Pararayoma, o espírito do pó parara. Os xapiri se alimentam desta árvore Parara hi (Anadenanthera peregrina), e caso não tenha Parara hi, eles passam fome. Apenas os xapiri bebem este mingau de parara e Tixori, os espíritos dos beija-flores, bebem o néctar de suas flores. Quando os xapiri se alimentam da parara, combatem as doenças graves, e acabam com sua potência maléfica. É através da potência da parara que os xapiri saem para se vingar dos seres maléficos në wãri. É assim que os xapiri agem, através da potência da parara, por isso existem estas filhas de Pararayoma.], 2024, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 50 x 65 cm. Coleção do artista
(6) Dia 25.04.2022, eu fiz este desenho de espírito Kaimari. Hwei Koimari aka kü, yanomae yamakɨ hamë, napë pë hamë, ai yaropë waithiriowi hamë, hwei Koimari pë nohimai. Kuë yaro, okapë xëprari, tɨhɨ a xëprari, ai xapiri pë kãe xeprari, yanomae yamakɨ xëprari, oxe tëpë yai xëɨxi wãripru. Hwei Koimari aka kii, a yai hõximi mahi. Makii, a pree totihi, ai thë xapirinë ihiru a teimakihi, hwei Koimari anë a hukëri, ɨhɨ tëhë, ihiru a haromari. Hwei Koimari a hoximi makii, a pree totihi he ruamatima thëha. [Dia 25.04.2022, eu fiz este desenho de Koimari, o espirito maléfico do gavião. Este ser Koimari gosta de nós Yanomami, dos brancos e dos animais ferozes. Por isso ele mata os feiticeiros inimigos, mata onça e outros espíritos xapiri, também mata os Yanomami e mata sem parar as crianças. Este Koimari, o espírito do gavião, é muito mau. Mas, por outro lado, também é bom, pois quando outro xapiri leva embora [a imagem vital] de nossos filhos, este ser Koimari a resgata de volta, fazendo com que a criança fique curada. Koimari é ruim, mas ao mesmo tempo é bom, já que é protetor.], 2022, lápis e caneta hidrocor sobre papel, 30 x 42 cm. Coleção Mônica e Fábio Ulhoa Coelho
(7) Xapiri pëha yanomaẽ yamakɨ pihi xariramayuuwi, hwei xapiripë yahipë, ɨnaha xapiri pata thëpënë, yanomae hiya thëpë ũũxiha auha thapra henë, xapiripë kõaɨ piyëkuuha xoao henë, hiya thëpë xapiripramaɨhe. Xapiripë praɨpraa pëha ɨnaha thë kuë. Ai thë xami praa ahetema poimihe, yanomaẽ yamakɨ riã riëri hoximi peximaimihe, kõomi xapiri pënë thë peximaimihe. Kuë yaro hwei kama xapiripë puru upë katia, rëa kamapë kopraaɨ kuapë hamë, ai xapiri a kõimaɨ, a koimaɨ yaro a wakaraxi axi xereroimaɨ, urihi a taamu hõromae, urihi a araxinapë, kamapë pãri napë seisipë, wĩsã wisãmasipë, nahikɨ pata taamuu yãɨkano totihi. [Esta é a casa dos xapiri, o lugar onde nós, Yanomami, aprendemos. Assim que os xamãs mais experientes fazem a limpeza do interior dos jovens [iniciados], eles buscam os xapiri que estão espalhados em vários lugares e assim fazem os jovens se tornarem xamãs. No lugar onde os xapiri chegam dançando, é assim: nada que estiver sujo pode se aproximar, eles não querem o mal cheiro que nós, seres humanos, exalamos. Nenhum xapiri gosta disso. Então os xapiri penduram sua flauta de bambu quando chegam em seu lugar. Outro xapiri chega, e ao chegar ele faz reluzir um brilho amarelo. A floresta está repleta de penas brancas de gavião real salpicadas, tem braçadeiras feitas com caudas de araras, seus espelhos são enfeitados com penas dos pássaros saíra azul e dos pássaros wĩsã wisãmasi, a casa tem belas pinturas com traços em zigue zague.], 2024, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 50 x 65 cm. Coleção do artista
(8) Hutumosi kreyuu tëhë xapiri pënë mosi tierimaɨ wihii, ɨnaha xapiri pë kuaɨ, hutumosi hute mahima makii, xapiri pënë mosi hutea praimihe. Ai xapiri pë yai kohi mahiowiinë, hutumosi huëmaɨhe, paxori pënë, totori a thari pënë, kuumori pënë, ai thëpë waro kua xoaa. Xapiri pënë humosi huërii hëtë, mosi yanɨkɨa xoaki. Ɨnaha xapiri pënë thë thaɨ he. [Quando o céu racha, os xapiri o seguram, assim agem os xapiri. Apesar do céu ser muito pesado, não pesa para os xapiri. Alguns xapiri, por serem muito fortes, seguram o céu: Paxori, os espíritos dos macacos aranha, Totori a thari, os espíritos dos jabutis, Kuumori, os espíritos dos macacos da noite e ainda vários outros seres. Quando os xapiri seguram o céu, o céu se acalma. É assim que fazem os xapiri.], 2024, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 30 x 50 cm. Coleção Bruce Albert
(9) Hwei kama xapiripë yahipë xirõ xatiti piyëkë, hwei makɨ hamë komi xapiripë yahipë, hwei kama xapiripë urihi, kõomi ɨhamë pë parinapë yariki, kõomi kamapë rotipapë yariki, pë urihipëriã pata rierinë kirihi. [Estas casas dos xapiri somente ficam juntas perto umas das outras e estão espalhadas por todos os lados. Todas estas pedras são moradas dos xapiri, nessa terra deles, por todos os lugares, caem espalhadas abelhas parina, elas caem em todas suas clareiras, por isso suas terras são muito perfumadas.], 2023, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 29,7 x 42 cm. Coleção do artista
(10) Kami ya oxeo tëhë, hwei kurenaha kure ya thë taarii kure, kami ya oxeo tehe, Ãyõkõrari ya pë mori taari, Ãyõkõrari pënë ware napo kãe mori ithorayuu kupere. Kami yanomae yamakɨ hwei Ãyõkõrari, pë yai totihi, xawara a wai kohipë xëpraɨ praɨ yaro he. Komi ya oxeo tehe yaroriwë yapenë ai pë aɨ taama, Tixoriwë, Ãyõkõrãri, Ixorori, Naporeri. Ɨnaha kami ya oxeo tehe ya kuama. [Quando eu era pequeno vi uma imagem parecida com esta, vi uma vez Ãyõkõrari, o espírito do pássaro japim-xexéu. Os espíritos Ãyõkõrari desceram até mim uma vez. Este ser Ãyõkõrari é muito bom para nós Yanomami, já que consegue acabar com doenças letais. Quando eu era criança ficava alterado e conseguia enxergar os espíritos dos animais ancestrais. [Via] Tixoriwë, o espírito do beija-flor, Ãyõkõrãri, espírito do japim-xexéu, Ixorori, espírito do japim-guache, Naporeri, espírito do japu verde. Era isso o que se passava comigo quando eu era criança.], 2023, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 42 x 59,4 cm. Coleção do artista
(11) Yutunë wãrõhõha tëpënë thuë a thõmurema, urihi ha hẽoropë exë kupë rama hupëha, ɨnahathë kua, yanoha hẽaropë exë kupë atohuu tëhë, tëpë e pree hwaa yaukema. Ɨhɨ tehe, urihiha poriyoha paari ekɨ yëa Parayoma, ɨhɨ tehe hẽaropë e rërëkema. ɨhɨ tëpë e ikua hëkema thuëpë e uprao huopëha. Yayohame e ikuo kuoni, kama hẽaropë e rërëkea kukepë hamë tepë e xariroimama, makii, hẽaropë e pihi yai kuoma yaro, thuë a mɨra raema. Kuë yaro, thuë wãa hwama, hwama makii tëpë wãa huonimi, ɨhɨ tehe waiha a tepë a yayoa taarema. E thëha tɨtɨrɨnë, tëpë a wayomaɨ xoakema, kotopöyoma thë uriha kupë mikema. Ɨhɨ tehe tëpë anë miopimiha pesima ekɨ yaprama wakëha. Ɨhɨ tehe tëpë e mikema. Tëpë eha miikɨnë, thuë aha arɨnë, hapiha kotoporisiha tuketayoma, ɨhɨ tehe kotopori esisi yorarema tëpë ariã tupramaɨha mãonë. Kuë yaro tepë a tupranimi. Ɨnaha hwei thuë Reiyoma wãa ha kuowi a kuama. [Há muito tempo atrás, o Tamanduá roubou uma mulher na floresta quando o marido havia saído com a esposa para caçar. Foi assim: quando o marido saiu com sua mulher da casa coletiva, Tamanduá também saiu atrás seguindo-os. E, assim, enquanto iam pelo caminho na floresta, alguns mutuns voaram na frente deles e o marido correu [para caçá-los]. Logo Tamanduá se aproximou do lugar onde a mulher havia ficado esperando, ele não foi para outro lugar, de lá onde o marido havia começado a correr, ele agarrou a mulher e esta pensou que aquele fosse mesmo seu marido, mas ele a enganou. E então a mulher falou, mas Tamanduá não respondia. Porém, mais tarde, viu que era outro, era Tamanduá. E quando anoiteceu Tamanduá começou a maltratá-la. Naquela noite os dois dormiram em uma terra chamada Kotopöyoma. O Tamanduá não queria dormir e jogou a tanga dela no fogo, mas por fim ele dormiu. Quando ele dormiu a mulher saiu e foi subir em uma árvore kotopori usi (Croton palanostigma). Ela tirou a casca desta árvore para que o tronco ficasse escorregadio e Tamanduá não pudesse subir. Assim ele não subiu. Era assim esta mulher chamada Reiyoma.], 2024, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 50 x 65 cm. Coleção do artista
(12) 2024. Hokoto kɨkɨ pɨrɨowi thëã pora pata a kuo pëha yanomae thuë a rixi pɨrɨa, yuri rixi axë kupë pɨrɨa. Hwei hokoto kɨkɨ ka kii, yama kɨkɨ xëprarii tëhë, prahai hamë thuë a nomarayu yanomae thë rixi yaro. Hwei yuri yama a xëprarii tëhë, yanomae thë pree nomarayu rixi a yaro. Ɨnaha thë kua, hokoto yamakɨkɨ xëprarii tëhë, mau u pata mahi wai thirimorayu, yanomae a xëpraɨ pihio hwëtɨo yaro. Ɨnaha rixipënë thë kuaɨ. [2024. Lá onde vive o ser arco-íris Hokoto kɨkɨ, existe uma cachoeira barulhenta, é lá também onde vive o rĩxĩ(*) das mulheres junto com o rĩxĩ dos peixes. Se matarmos este ser do arco íris [que é uma cobra sobrenatural], uma mulher que vive distante irá morrer, por ser o rĩxĩ dessa pessoa. Se matarmos este peixe, uma pessoa também morre, já que também é um rĩxĩ. É assim que acontece: se matarmos o ser arco íris Hokoto kɨkɨ, as águas do rio se tornarão revoltas e, por sua vez, irá querer matar seres humanos. É assim o rĩxĩ.], 2024, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 30 x 42 cm. Coleção do artista
(13) Yanomae hiya a xapiri pruu tëhë, thë yaii yayoa mahinë kirihi, xapiri pë koimaɨ tëhë, hiya a yai totihoimi anë yai õhõtaaɨ pata mahi kua. Xapiri pë kõimaɨ tëhë urihi a wakaraxi mahi kuprario, urihi a hõrõmae prario, urihi a yai totihi mahi prario, kama xapiri pë urihipë xiro kuprario. Ɨhɨ tëhë, pei xio hamë he kuprario, kuë yaro, xi yai hariprario. Kuë makii, xapiri pë kopii tëhë a totihia koprario, yanomae pihi kua koprario, ɨnaha xapiri pëne thëpë thaa mahe. [Quando um jovem Yanomami se torna xamã, é difícil. Quando os xapiri chegam, o jovem não fica bem, ele passa por um grande sofrimento. Quando os xapiri chegam, a floresta se torna reluzente, é tomada por penas brancas de gavião real, a floresta fica maravilhosa e se torna apenas a terra dos xapiri. Então onde está o ânus da pessoa, se torna sua cabeça e ele fica agoniado. Apesar de ficar assim, quando os xapiri chegam, o ajeitam novamente e assim ele volta a ter uma aparência humana, é isto o que os xapiri fazem com a pessoa.], 2024, grafite, lápis de cor, tinta de caneta esferográfica e tinta de caneta hidrográfica sobre papel, 30 x 50 cm. Coleção Bruce Albert